" Um dia, os números pares resolveram fazer uma grande festa. "Mas nesta festa...", disseram eles, "... não é permitida a entrada aos números ímpares."
Como é natural, os números ímpares ficaram muito tristes. Não percebiam por que razão é que os pares os queriam pôr de parte.
"Deixem-nos ir à vossa festa .." ,suplicaram os números ímpares, " Nós gostamos tanto de festas..."
"Nem pensar!", responderam os pares que estavam convencidos de que, pelo facto de serem pares, eram melhores que os ímpares.
" Não queremos misturas! Façam a vossa própria festa e não nos incomodem. Esta é a festa dos pares. Só lá entram pares! Está decidido!"
Sentindo-se tristes e aborrecidos, os números ímpares foram cada um para seu lado, tentando esquecer aquela afronta estúpida que os números pares lhes tinham feito.
À hora do início da festa, os números pares, muito bem vestidos, muito vistosos, muito elegantes, começaram a chegar ao Salão de Festas da Aritmética.
O Dois foi o primeiro a chegar porque é o primeiro entre todos os pares e porque mora mesmo ali a dois passos do Salão. O Quatro demorou um bocadinho mais. Veio ao pé coxinho, sempre a fazer o quatro. O Seis vinha todo encolhido, cheio de frio. O Oito, que anda sempre de bicicleta, teve um furo e acabou por chegar um bocadinho atrasado.
A festa começou com os números pares a rir, a cantar e a dançar, cheios de alegria e vontade de se divertir. Lá fora, sem poderem entrar, estavam os números ímpares a espreitar a festa pela janela, cheios de pena por terem ficado de fora.
De repente, o número Um, que é sempre o primeiro a ter ideias, voltou-se para o número Três e disse-lhe: " Anda daí! Vamos entrar na festa!"
" Mas como é isso possível?", reagiu o número Três, " Os números pares não vão deixar entrar dois ímpares como nós!"
"Hão-de deixar.", insistiu o número Um que, dando o braço ao assustado número Três, avançou a passos largos para a porta do Salão de Festas.
Como era de esperar, os pares correram logo a impedir a entrada dos dois ímpares. Que indecência era aquela? As regras eram claras. Naquela festa só podiam entrar pares.
" Mas nós somos um par", disse o número Um apertando bem o braço do número Três, "Somos um par de números ímpares".
Os pares ficaram confusos. Com esta é que não contavam. Conversaram, discutiram...As regras eram claras. Só podiam entrar pares. O que é que havia de fazer? À porta de entrada estava um par. Um par de números impares.
Mas um par.
Foi assim que os números pares não tiveram remédio senão vai deixar entrar aquele par de números ímpares. E atrás deles entraram todos os outros números ímpares, quer viessem quer não viessem aos pares.
E a partir desse dia nunca mais os números pares e os números ímpares deixaram de estar todos juntos sempre que havia baile no Salão de Festas da Aritmética.
José Fanha. A festa dos números pares. Il. João Fanha
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